Anteontem comprei Hetalia e li no ônibus indo de São Paulo para Sorocaba.
Pra quem não conhece, Hetalia é um mangá com países antropomorfizados, ou seja, transformados em pessoas. A principal personagem é o atrapalhado Itália (o nome do mangá é uma brincadeira com hetare, "inútil" em japonês, e Itália). Inicialmente, o foco estava nos países do Eixo na Segunda Guerra (Itália, Alemanha e Japão), mas há várias histórias com outros países também. O primeiro volume não toca tanto assim na Segunda Guerra Mundial, fica mais nos séculos anteriores e na Primeira Guerra. O mangá contém uma série de pequenas histórias, a maiora no estilo yon-koma (tiras verticais de quatro quadrinhos). Pra quem gosta de história geral é muito bom. Se você gosta de coisas como Polandball, ou webcomics como Scandinavia and the World (eu recomendo, fiquei viciado!, e a autora inclusive é fã de Hetalia) ou Flagland (esse é mais pra nerds de história política XD), e é fã de mangá e bishonen, com certeza vai gostar de Hetalia.
A New Pop costuma ir bem na tradução e edição. E com esse preço (R$ 19,90, acho que o mangá de banca mais caro que já comprei) não dá pra esperar nada menos que isso. A tradução tá legal,e tem notas sobre a versão brasileira no final para esclarecer algumas opções de tradução, como a manutenção das terminações -san, -kun, e -chan. De maneira geral, as decisões pareceram acertadas. É na edição que a coisa pega. Estava eu lendo o volume, alegre e contente, quando aparece uma página um pouco pixelada (ou seja, em baixa definição). A partir dali, páginas com definições alta e baixar apareciam de maneira aleatória. Aconteceu até de, numa mesma dupla, a página da esquerda estar em baixa e a da direita, em alta. As duas eram páginas da mesma história. Foi muito inesperado, é a primeira vez que eu vejo um erro desses acontecer. Não sei o que aconteceu para que essas páginas ficassem assim (erro da editora? da gráfica?), mas esse é um erro editorial inadmissível para uma história em quadrinhos, que depende principalmente da imagem. É o tipo de copisa que não podia ter passado. O gosto fica ainda mais amargo quando se lembra o preço bem alto cobrado pelo mangá. Preço abusivo por um volume de qualidade gráfica aleatoria não dá. Difícil não se sentir prejudicado como consumidor.
Resumindo, Hetalia é um mangá que vale a pena ler, se você se interessar pelo assunto (ou pelo menos gostar de mangás bishonen). Mas eu não consigo recomendar que alguém pague R$20 por um mangá de 140 páginas mal impresso. É nessas horas que o discurso de "os consumidores têm que apoiar os lçançamentos oficiais" fica difícil de defender.